Intestino
Doença Celíaca
Elaborado por Dra Adriana Ribas - CRM/BA 22787 e Dra Jaciane Fontes - CRM/BA 149417
A doença Celíaca é considerada uma enteropatia mediada por infiltração de células inflamatórias no intestino delgado (local responsável pela absorção de nutrientes), levando a dano tecidual e atrofia do mesmo. Ocorre em indivíduos geneticamente predispostos em que o corpo passa a não conseguir digerir adequadamente a proteína chamada “glúten”. Essa proteína está presente em grãos como o trigo, centeio ou cevada. A aveia, dependendo do seu processo de comercialização pode ser contaminada por trigo, embora a aveia pura, não contém a proteína do glúten. A doença Celíaca não é considerada uma alergia alimentar, diferentemente da alergia ao trigo, onde o processo inflamatório é mediado por imunoglobulinas IgE ou IgG.
Os sintomas mais comuns são dor abdominal, diarreia, constipação, aumento de gases abdominais, cólicas, perda de peso, anemia, empachamento após se alimentar, lesões de pele, alterações de esmalte dentário. Na prática, é comum diagnosticarmos a doença Celíaca também em pacientes com anemia crônica ou osteopenia/osteoporose sem causa determinada. Crianças também podem abrir o quadro apenas como déficit de crescimento. Adolescentes do sexo feminino podem apresentar desordens menstruais e quando adultas, infertilidade e menopausa precoce. Sintomas neurológicos são raros mas podem aparecer como cefaléia, alterações de sensibilidade, problemas cognitivos, déficits de atenção. A associação com outras desordens autoimunes e imunodesregulatórias pode estar presente, como Diabetes Mellitus Tipo I, tireoidite autoimune, síndrome de Down, deficiência de IgA, doenças inflamatórias intestinais, entre outras.
Diante de qualquer suspeita é imprescindível a procura do seu médico antes da retirada do glúten da dieta, para que seja feito um diagnóstico correto. A positividade de autoanticorpos ou de alterações na biópsia de intestino (por endoscopia digestiva alta) varia com a presença do glúten na dieta, portanto, você deve estar em dieta com glúten por pelo menos 4 semanas antes de realizar os testes. Nos casos de dúvida diagnóstica por vezes temos que recorrer a testes genéticos.
Grande parte dos pacientes podem apresentar anticorpos positivos sem alterações na biópsia de intestino, chamamos de “Potencial” doença Celíaca. Não está claro na literatura do benefício da dieta glúten-free. Os que tem anticorpos positivos e alterações histológicas e não apresentar sintomas, são chamados de doença Celíaca “Silenciosa”. Esse grupo de pacientes provavelmente se beneficia da dieta glúten-free, principalmente caso haja algum sinal de malabsorção alimentar. Muito cuidado com os modismos da atualidade e a vilanização do glúten.
Para que diagnosticar corretamente a doença Celíaca? Para tentar fazer o rastreamento de familiares, atentar para sinais de alarme quanto a possíveis complicações ou até mesmo para avaliar a presença de outros diagnósticos diferenciais como a síndrome do intestino irritável, outras intolerâncias ou alergias alimentares, insuficiência pancreática, ou colite microscópica, principalmente naqueles pacientes que mantêm sintomas mesmo com dieta adequada. Afastando outras causas, o paciente pode ter doença Celíaca refratária e drogas imunossupressoras devem ser utilizadas.
O tratamento baseia-se na dieta livre de glúten retirando alguns dos alimentos mais comuns como o pão, massas, barrinhas de cereais, alguns molhos prontos, condimentos, cervejas. Alguns alimentos de difícil digestão, diante de um intestino já inflamado, devem ser evitados como leite e derivados, até que pelo menos seus autoanticorpos se negativem. Cuidado com a contaminação de alimentos com glúten, o que pode perpetuar seus sintomas e aumentar o risco de complicações futuras.
Alimentos que podem ser ingeridos: arroz, milho, batata, soja, frutas e vegetais, produtos livres de glúten (pães, massas, etc). Em relação às bebidas alcoólicas, vinho e bebidas destiladas como rum, tequila, vodka e whiskey podem ser consumidos assim como a cerveja sem glúten. O acompanhamento com nutricionista especializado é importante e recomendado. Caso haja alguma deficiência vitamínica, seu médico poderá auxiliar na reposição.
Geralmente o seguimento é feito com densitometria óssea para rastreamento de osteopenia/osteoporose, dosagem de vitaminas e dos autoanticorpos, que devem continuar negativos caso você esteja fazendo uma dieta correta e sem contaminação. A maioria das pessoas sentiram melhora dos sintomas nas primeiras 2 semanas com dieta glúten-free. Mas não se engane, você precisará mantê-la pro resto da vida. Nada que seu corpo e mente não consigam se adaptar.
Caso o paciente celíaco continue com ingestão frequente do glúten há risco aumentado de linfoma intestinal, portanto melhor ser rigoroso em relação à contaminação.
- Deixar alimentos glúten-free na parte de cima da geladeira;
- Identificar os alimentos glúten-free;
- Lavar corretamente os pratos, copos e talheres após o uso;
- Panelas, grill e utensílios: utilizar apenas alimentos glúten-free;
- Caso vá em algum restaurante procure aqueles que sejam focados na preparação de alimentos glúten-free para que não haja contaminação;
- Busque sempre os alimentos com “selo Gluten Free”;
- Dica de pão sem glúten: 3 ovos, ½ xícara de azeite de oliva, sal a gosto, 1 xícara de farinha de aveia sem glúten, ½ xícara de povilho azedo, ½ xícara de povilho doce, 1 colher de fermento (bate no liquidificador e acrescenta o que quiser: queijo parmesão, alho poró, orégano, gergelim, enfim, use a criatividade!). Colocar no forno aquecido a 180o e aguardar 30-40 minutos!
- Leia rótulos!
Fonte: UptoDate
Conteúdo meramente informativo. Siga as orientações dadas por seu médico assistente em consulta médica.
Informações de acordo com a Resolução CFM 1974/11
Doença de Crohn
Elaborado por Dra Adriana Ribas - CRM/BA 22787
A doença de Crohn é uma desordem imunomediada que pode causar diarréia, dor abdominal e outros sintomas que afetam o trato digestivo, podendo levar a formação de ulcerações que acometem da boca até o ânus.
Quando está funcionando normalmente, o sistema imunológico vive em equilíbrio com agentes agressores, como agentes infecciosos, toxinas, células neoplásicas, reconhecendo-os como “agentes estranhos”, seguido de ativação do sistema de defesa. Entretanto, em indivíduos geneticamente predispostos, e, já com alguma desordem da microbiota intestinal, seja por infecções virais prévias, consumo de alimentos ultraprocessados, alta carga de stress, fumo, qualidade do sono prejudicada, entre outros fatores, algo dá errado e o sistema imunológico começa a atacar células saudáveis, danificando o revestimento do trato digestivo, a mucosa. Isso causa inflamação, que pode levar à formação de feridas (úlceras). Importante ressaltar que o curso da doença varia entre surtos e remissão, necessário saber reconhecer seu corpo diante de uma possível atividade da doença e procurar seu médico.
Os sintomas mais comuns são diarréia, sangramento nas fezes, dor abdominal, sensação de cansaço, perda de peso e febre. Algumas pessoas com doença de Crohn também evoluem com feridas na boca, erupções cutâneas, dor nas articulações, vermelhidão/turvação ocular, inflamações em outros órgãos (como ex. fígado) além de trombose tanto em artérias quanto em veias.
Como a maior parte dos pacientes terão doença no íleo terminal e cólon, a ileocolonoscopia é um dos principais exames na doença de Cronh. Durante esse procedimento, o médico coloca um tubo fino pelo ânus, e percorre todo cólon até a porção final do intestino fino (delgado), também chamada de íleo terminal.
Existem muitos medicamentos que ajudam a cicatrizar as lesões de mucosa e reduzir os sintomas da doença de Crohn. Quase todos esses medicamentos funcionam de modo frear a inflamação e a resposta imune do organismo. Em geral, utilizamos corticóides na fase ativa da doença, já com desmame prescrito. Imunossupressores como azatioprina e metotrexate também podem ser utilizados. Biológicos são drogas complexas, anticorpos monoclonais que surgiram para modificar o curso da doença. Sua administração é feita de forma parenteral (pela veia) ou subcutânea, geralmente em centros específicos, como os Centros de Infusão. Após o surgimento dos biológicos, a qualidade de vida dos pacientes melhorou vertiginosamente.
Cirurgia e ressecção de parte do intestino podem ser indicadas principalmente em casos de falha à terapia medicamentosa, complicações como fístulas, estenoses ou câncer.
IMPORTANTE → A melhora clínica não é o bastante! É necessário a cicatrização da mucosa de modo a evitar complicações futuras.
Há um risco aumentado de câncer de cólon (Se a doença acometer o cólon) e esse risco depende do tempo e extensão da doença (risco aumentado acima de 8-10 anos de doença). Há também risco aumentado de outras neoplasias associadas ao uso das medicações, por ex. câncer de pele não melanoma com o uso da azatioprina. IMPORTANTE → colonoscopias periódicas e uso correto das medicações. O diagnóstico tardio da doença implica em complicações outras como estenoses (fechamento do intestino pela inflamação/fibrose intensa), fístulas (trajetos anormais entre alças de intestino, entre intestino e pele, vagina ou bexiga ou até mesmo na região perianal, através do pertuito formado entre a glândula anal inflamada e a pele).
– Reduzir os alimentos que pioram os sintomas. Algumas pessoas têm problemas com alimentos que têm muita fibra, como casca de frutas e vegetais (folháceos), principalmente quando está em atividade clínica com muita diarreia outros tem intolerância à lactose associada (mas não é para retirar gluten e lactose de todos! – ver cartilha de nutrição do GEDIIB no link Nutrição na Doença Inflamatória Intestinal
– Pare de fumar. Fumar piora os sintomas e aumenta a chance de você precisar de cirurgia além de aumentar o risco de câncer de intestino.
– Evite antiinflamatórios como o ibuprofeno, naproxeno, diclofenaco, etc. O uso dessas medicações pode exacerbar a doença.– Mantenha-se com cartão vacinal atualizado: Influenza (anual), Pneumocócica, Meningogóccica, Difteria e tétano, Hepatite A e B, HPV são as principais (vacinas de vírus vivo inativado podem ser feitas no indivíduo imunossuprimido). Entretanto as vacinas com vírus vivo como Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), Varicela, Herpes-zoster e
Febre amarela são realizadas no paciente sem imunossupressão (sem corticóide, azatioprina ou uso de biológicos).
– Na maioria dos casos, a doença de Crohn não afeta a capacidade da mulher engravidar. Se você quer engravidar, fale com seu médico antes de tentar engravidar. É importante que a doença esteja controlada do ponto de vista inflamatório antes da gestação a fim de evitar baixo peso para o bebê ou parto prepaturo.
Sites interessantes para visitar:
Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn
GEDIIB – Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil
Fonte: UptoDate
Conteúdo meramente informativo. Siga as orientações dadas por seu médico assistente em consulta médica.
Informações de acordo com a Resolução CFM 1974/11
Retocolite Ulcerativa
Elaborado por Dra Adriana Ribas - CRM/BA 22787 e Dra Marina Pamponet - CRM/BA 21113
A Retocolite Ulcerativa (RCU) é uma doença em que a mucosa do cólon (intestino grosso) se torna inflamada e desenvolve feridas (erosões e úlceras), causando sangramento e diarréia. A inflamação quase sempre afeta o reto e a parte inferior do cólon, mas pode afetar o cólon inteiro. Embora a RCU não possa ser curada, geralmente ela pode ser controlada. A maioria das pessoas com colite ulcerativa é capaz de viver uma vida ativa e produtiva. A causa ainda não é conhecida. As pessoas que desenvolvem podem ter um componente genético, ou seja, quando uma pessoa com esse risco herdado é exposta a um gatilho (gastroenterite, dieta industrializada, estresse ou demais fatores ambientais), o sistema imunológico é ativado, provocando inflamação na mucosa, que culminam com ulcerações e sangramento. Cerca de 10 a 25% das pessoas com colite ulcerativa apresenta um parente de primeiro grau (ou irmão ou pai) com doença inflamatória intestinal (colite ulcerativa ou doença de Crohn).
Os sintomas mais comuns da RCU leve incluem sangramento retal intermitente, descarga de muco do reto, diarreia leve (definida como menos de quatro vezes por dia), dor abdominal leve. Em pessoas com doença moderada a grave, os pacientes podem ter diarreia com sangue em maior quantidade e numa frequência maior (até 10 ou mais por dia), fraqueza (pela anemia), dor abdominal mais intensa, febre, perda de peso.
Manifestações extraintestinais: Paciente com RCU e doença de Crohn podem ter sintomas extraintestinais. A inflamação pode afetar articulações (quadris, joelhos, mãos, etc), causando inchaço e dor, assim como inflamação nos olhos (uveíte, episclerite), na pele (eritema nodoso, pioderma gangrenoso), vias biliares (colangite esclerosante primária), trombose tanto em artérias como em veias. Essas manifestações podem ocorrer durante ou fora da atividade da doença.
A RCU geralmente é diagnosticada através do quadro clínico compatível, testes laboratoriais e endoscópicos, como retosigmoidoscopia flexível e/ou colonoscopia. Esses exames endoscópicos permitem que seu médico tome amostras de tecido do cólon, o que pode confirmar a RCU e descartar outras condições que apresentam sintomas semelhantes como certas infecções. É importante que o diagnóstico seja realizado numa fase precoce da doença para evitar complicações e aumentar a chance de resposta ao tratamento clínico.
Os principais objetivos do tratamento da RCU são induzir e manter a remissão (controle dos sintomas, controle da inflamação através dos marcadores laboratoriais, radiológicos e endoscópicos). Para a maioria das pessoas, a RCU tem um padrão flutuante de surtos e remissões. Portanto é importante manter as medicações conforme orientação médica mesmo após o controle dos sintomas.
Dieta
Uma dieta bem equilibrada e nutritiva pode ajudar a manter a saúde e um peso corporal normal. Evite alimentos que pioram seus sintomas, assim como alimentos ultraprocessados (ricos em açucares, gorduras, conservantes, emulsificantes) e industrializados. Atentar para suplementação de vitaminas e ferro conforme orientação médica.
Se sua RCU for leve (categorização dada pelo médico que te acompanha) seu tratamento incluirá medicamentos que você aplica ao reto (enema ou supositório) associados ou não a medicamentos por boca que são basicamente derivados do 5-ASA (ácido aminosalicílico). Esse tratamento melhora os sintomas na maioria das pessoas após cerca de três semanas. Até 90% das pessoas terão uma remissão com esse tratamento, e até 70% das pessoas permanecerão em remissão. O tratamento contínuo e ao longo da vida com os derivados de 5-ASA geralmente é recomendado para manter a remissão, embora seja frequentemente possível diminuir a dose de medicação.
Tratamento para sintomas moderados a graves
Se seus sintomas são moderados a graves, ou uma área maior do cólon é afetada, você provavelmente receberá um derivado de 5-ASA oral e retal, associado ou não a corticoesteróides. Os efeitos colaterais mais comuns dos corticóides incluem aumento do apetite, aumento de peso, acne, retenção de líquidos, tremores, mudanças de humor e dificuldade em dormir. Portanto, não é indicado como terapia de manutenção. Se os sintomas não melhorarem você pode precisar de drogas mais fortes como imunossupressores ou biológicos.
- 6-mercaptopurina e azatioprina – Azatioprina e 6-mercaptopurina diminuem os sintomas em 60 a 70% das pessoas e ajudam a manter a remissão. Pode levar de três a seis meses para que se observe uma resposta clínica e endoscópica.
- Terapia biológica: são medicamentos com estrutura complexa, portanto a forma de administração é subcutânea ou endovenosa, que funcionam interferindo nas vias envolvidas na inflamação. Devido ao custo e ao risco potencial de efeitos colaterais, os biológicos são reservados para pessoas com RCU grave que não responderam a derivados 5-ASA, imunossupressores e corticóides e que preferem evitar a remoção cirúrgica do cólon. Eles podem ser usados para induzir remissão e, a longo prazo, para manter a remissão.
Caso refratariedade ao tratamento clínico, os pacientes podem ser submetidos à cirurgia de remoção do reto/cólon ou proctocolectomia.
Câncer colorretal: o risco de câncer colorretal gira em torno de 10% após 8-10 anos de doença, com risco ainda aumentado se doença extensa (comprometendo todo o cólon), refratária (que não obteve controle endoscópico com as medicações) ou se há colangite esclerosante primária (doença nas vias biliares, com estenoses e dilatações).
Fonte: UptoDate
Conteúdo meramente informativo. Siga as orientações dadas por seu médico assistente em consulta médica.
Informações de acordo com a Resolução CFM 1974/11
Intolerância à lactose
Elaborado por Dra Adriana Ribas - CRM/BA 22787 e Dr Bruno Cesar - CRM/BA 22384
A intolerância à lactose é uma condição que torna difícil o seu corpo digerir leite e alimentos feitos com leite ou laticíneos. Durante o processo de digestão, a lactose sofre hidólise pela lactase ou Beta-D galactosidase, transformando-se em glicose e galactose (esta será também convertida em glicose a nível hepático). Pessoas sem intolerância apresentam níveis normais de lactose no jejuno. Já pessoas com hipolactasia primária, o corpo não produz quantidade suficiente da enzima ou a enzima não funciona tão bem quanto deveria e a lactose será fermentada pelas bactérias colônicas levando à produção de gases em excesso. Os pacientes que já nascem sem a enzima são aqueles com intolerância à lactose do tipo congênita, cursando com quadros graves de diarreia e sangramentos, manifestados na infância. Patologias como doença de Crohn, doença Celíaca ou quadros infecciosos, podem comprometer a mucosa do jejuno levando a um quadro de intolerância à lactose secundária.
No Brasil, mais de 50% dos pacientes podem ser intolerantes à lactose, acometendo principalmente orientais e negros.
Os sintomas ocorrem após ingesta de laticínios e essa relação temporal deve existir para que seja feito o diagnóstico. São eles:
- Cólicas ou dor abdominal
- Flatulência (a sensação de que sua barriga está cheia de ar)
- Diarreia (muitas vezes é volumosa, espumosa e aquosa)
- Náuseas/vômitos
Em geral o diagnóstico é clínico, quando se retira a lactose o paciente melhora dos sintomas, mas em caso de dúvida podemos abrir mão de alguns exames como:
- Teste respiratório: após ingesta da lactose, o paciente respira em uma máquina especial a cada 30 minutos. A máquina mede a quantidade de hidrogênio expirado. Pessoas que têm intolerância à lactose expiram mais hidrogênio do que o normal uma vez que o açúcar não foi digerido pela lactase;
- Teste genético: detecta a variante C/T – 13910, localizada no gene MCM6 do cromossomo 2q21. O genótipo CC detecta a hipolactasia e TT e C sugerem normalidade na digestão da lactose;
- Teste oral de tolerância à lactose: após ingesta da lactose, há coletas sanguíneas seriadas, logo após a ingestão, 1 e 2 horas depois. Se não houver crescimento da glicemia acima de 20 mg/dL, significa provável intolerância à lactose.
O tratamento varia de acordo com a gravidade do problema. Mas, em geral, o tratamento pode incluir:
- Ingesta de alimentos com restrição à lactose
- Encontrar fontes não-lácteas de nutrientes (como cálcio e vitamina D) e proteína
- Tomar um suplemento enzimático que o ajudará a quebrar alimentos lácteos.
Se você é realmente sensível a produtos lácteos ou lactose, você também precisará ler os rótulos em tudo o que você come. O leite ou a lactose às vezes são adicionados a alimentos que você não suspeita, como cereais, sopas instantâneas e molhos para saladas.
Embora alguns medicamentos sejam feitos com lactose, a maioria das pessoas que são intolerantes à lactose pode lidar com a quantidade muito pequena em medicamentos.
A intolerância à lactose é basicamente uma alergia alimentar? – Não. Existem pessoas que são alérgicas à proteína do leit. No caso de uma alergia, o corpo reage à proteína no leite, e não ao açúcar. Além disso, as alergias envolvem o sistema de combate a infecção do corpo, chamado sistema imunológico. A intolerância à lactose não faz isso, é basicamente uma deficiência enzimática.
Fonte: UptoDate
Conteúdo meramente informativo. Siga as orientações dadas por seu médico assistente em consulta médica.
Informações de acordo com a Resolução CFM 1974/11
Prurido Anal
Elaborado por Dra Adriana Ribas - CRM/BA 22787
Prurido anal é a coceira recorrente do ânus ou da pele ao redor. O ânus é a última parte do sistema digestivo, por onde passam as fezes.
A coceira anal pode causar desconforto e constrangimento. Algumas pessoas preocupam-se com a possibilidade de câncer de cólon.
- Restos fecais: podem ficar presos à pele ao redor do ânus – Isso é mais provável que aconteça se você tiver diarreia ou fezes pastosas
- Hemorroidas: são veias inchadas no reto distal. Elas também podem causar dor e/ou sangramento
- Certos alimentos ou bebidas, que podem irritar o ânus, tais como:
- Café, chá, cerveja e coca-cola
- Chocolate
- Tomates
- Alimentos cítricos ou apimentados
- Doenças que afetam o ânus, tais como:
- Abscesso anal – inflamação/infecção de glândulas anais
- Fístula anal – pertuito formado entre a glândula anal inflamada e a pele
- Câncer – tumores de reto distal ou de canal anal podem apresentar prurido anal
- Doenças da pele, tais como
- Psoríase – dermatose que pode causar erupção cutânea e coceira
- Dermatite: uma erupção cutânea que pode acontecer depois que sua pele toca algo que a irrita ou algo ao qual você é alérgico. Isso pode ser um creme de pele, detergente para roupa, ou qualquer outra coisa que toque a área ao redor do ânus
- Doenças causadas por infecção por bactérias ou fungos.
- Causas psicogênicas: transtornos depressivos ou de ansiedade podem estar intimamente relacionados ao prurido anal
- Manter ânus e pele à sua volta limpos e secos
- Preferir higienizar-se com toalha ao invés de papel higiênico
- Utilizar sabonetes específicos para higiene anal
- Pomadas com corticóide ou óxido de zinco por até 2 semanas por vezes melhoram o prurido
- Anti-histamínicos via oral
- Tentar NÃO comer ou beber coisas que possam causar coceira anal ou diarreia
Alguns exames podem ser necessários como:
- Protoparasitológico de fezes: algumas verminoses podem cursar com prurido anal
- Colonoscopia com anuscopia: principalmente para afastar câncer de reto ou de canal anal
Fonte: UptoDate
Conteúdo meramente informativo. Siga as orientações dadas por seu médico assistente em consulta médica.
Informações de acordo com a Resolução CFM 1974/11
Síndrome do Intestino Irritável
Elaborado por Dra Adriana Ribas - CRM/BA 22787
A síndrome do intestino irritável (SII) caracteriza-se por dor crônica no abdome e alteração do hábito intestinal (diarreia ou obstipação), na ausência de qualquer causa orgânica justificável. O indivíduo pode apresentar diarreia, constipação ou até mesmo, alternância entre os dois, considerada SII na forma mista.
É uma das enfermidades mais frequentes na prática acometendo principalmente o sexo feminino e faixas etárias menores que 50 anos, com impacto negativo na qualidade de vida, redução da capacidade laboral e aumento expressivo nos custos da saúde.
Sabe-se que desequilíbrios emocionais e dietéticos levam ao comprometimento da microbiota intestinal (disbiose) e da interação cérebro-intestinal, com sofrimento de desordens motoras e sensitivas intestinais. A SII frequentemente está associada a outras enfermidades como, por exemplo, fibromialgia, transtorno de ansiedade e/ou depressivo, estresse, cefaleia crônica, insônia. Estima-se que 1/3 dos casos de SII iniciam após episódio de gastroenterite aguda. Na SII, o estresse emocional seria importante cofator na manutenção dos sintomas após o episódio agudo de gastroenterite.
- Dores e cólicas de estômago, muitas vezes logo após alimentar-se, que melhoram após evacuação;
- Diarreia ou constipação;
- Inchaço ou distensão abdominal.
Nāo há teste específico que confirme essa patologia. Segundo os Critérios de ROMA IV, o seu gastroenterologista pode fechar o diagnóstico apenas com história clínica sugestiva (caso não sejam encontradas disfunções orgânicas).
O ideal é que cada paciente com suspeita de SII faça um diário alimentar, com o registro dos principais alimentos que desencadearam a diarreia, constipação ou dor, além do registro sobre a qualidade do sono, estresse físico e/ou mental, fatores de melhora como atividade física, entre outros.
O tratamento é multimodal incluindo mudança no estilo de vida, psicoterapia, antidepressivos, anti-espasmódicos, serotoninérgicos, laxantes, formadores de bolo fecal, porém, não existe tratamento curativo definitivo. Versa sobre o tripé das boas práticas alimentares, atividade física e equilíbrio emocional, sempre. Evitar a ingesta de alimentos de difícil digestão e com alto poder de fermentação pelas bactérias da microbiota intestinal, produzindo gazes em excesso, como aqueles ricos em FODMAPs. Da sigla, Fermentable Oligo Di Mono And Polióis, os FODMAPs são encontrados em diversas folhas, leguminosas, frutas, trigo e farináceos, vide tabela abaixo:
CARACTERÍSTICAS E FONTES DE MAIOR TEOR DE FODMAPS | ||
Oligossacarídeos | Frutanos Galacto-oligossacarídeos | Trigo, cevada, centeio, cebola, cuzcuz, farinha, quiabo, couve, alho-poró, alho, alcachofra, beterraba, erva-doce, ervilhas, chicória, pistache, caju, legumes, lentilhas e grão de bico |
Dissacarídeos | Lactose | Leite de vaca, ovelha ou cabra, creme, nata, queijo ricota, cottage, sorvete e iogurte |
Monossacarídeos | Frutose livre | Maçã, pera, manga, cereja, melancia, espargo, ervilha, mel |
Polióis | Sorbitol, manitol, maltitol e xilitol | Maçã, pera, damasco, cereja, nectarina, pêssego, ameixa, melancia, cogumelo, couve-flor, abacate, gomas de mascar e doces adoçados artificialmente |
SII obstipante
Neste caso, é recomendada a ingesta de fibras, encontradas na alimentação ou em reposição através de comprimidos ou sachês. Muito embora, em alguns pacientes, a ingesta de fibras pode piorar os sintomas.
Laxativos osmóticos em detrimento dos irritativos são preferíveis, uma vez que os últimos podem piorar as cólicas intestinais.
SII diarreica
A utilização de lentificadores do trânsito intestinal como loperamida pode ser indicada assim como formadores de bolo fecal como a policarbofila cálcica.
- Pratique exercícios
Faça alguma atividade física que você se identifique, de 20 a 60 minutos, 3 a 5 dias por semana. Os estudos mostram que isso ajuda a melhorar os sintomas do SII.
Escolha um dessa lista e comece o quanto antes (caso não esteja com alguma cardiopatia ou limitação física).
Musculação, Pilates, Yoga, Circo, Muay Thai, Zumba, Caminhada, Corrida, Bike, Natação, etc.
A prática de atividade física ajuda na liberação de endorfina, hormônio que age diretamente na satisfação, bem estar e na saúde intestinal. Sorrir também é um excelente remédio!
- Utilize as medicações conforme orientação médica
Para atenuar a dor, utilizamos medicamentos chamados “antiespasmódicos” como até mesmo algum antidepressivo com a função de modulação a informação no sistema nervoso central.
Algumas vezes lançamos mão de antibióticos, principalmente nos pacientes com suspeita de supercrescimento bacteriano associado. Esses medicamentos podem ajudar a reduzir o inchaço e a diarreia em alguns pacientes.
- Não descuide do seu equilíbrio emocional
Aprenda a respirar, faça sessões de psicoterapia, acupuntura, massoterapia ou demais técnicas já comprovadas que promovam um benefício direto no bem-estar.
Fonte: UptoDate
Conteúdo meramente informativo. Siga as orientações dadas por seu médico assistente em consulta médica.
Informações de acordo com a Resolução CFM 1974/11